quinta-feira, 7 de abril de 2011

Golpe do site fantasma faz compra virar tormento

Cliente de loja virtual paga e nunca recebe a mercadoria. Depois, quando a página na internet desaparece, descobre que o dinheiro foi parar na mão de estelionatários. Casos são investigados pela Delegacia do Consumidor
Saulo Luz, saulo.luz@grupoestado.com.br
Consumidores e internautas do Brasil inteiro têm sido vítimas de golpistas e estelionatários que criam sites fantasmas de comércio eletrônico e desaparecem após o cliente pagar a compra, sem que os produtos adquiridos sejam entregues. A Delegacia do Consumidor de São Paulo, criada no final do ano passado, investiga sete empresas de comércio eletrônico sob suspeita de fraude e estelionato. Além disso, a consultoria especializada em comércio eletrônico e-bit tem uma lista com 39 sites com práticas comerciais não-confiáveis (www.ebit.com.br/convenio_lojas/html/lojas_irregulares.asp).


Na maioria dos casos, o consumidor compra algo em uma loja virtual, faz o pagamento mas o produto nunca é entregue. Quando a vítima procura o site para reclamar não consegue mais encontrar nenhum canal para ser atendido e descobre que a empresa sumiu. Como os sites fantasmas se valem de dados falsos (endereço, telefone, e-mail e até CNPJ), o consumidor não consegue sequer registrar queixa no Procon nem acionar a Justiça porque, em ambos os casos, essas informações são necessárias.


Desde o final do ano passado, as duas delegacias do consumidor existentes em São Paulo registraram 22 boletins de ocorrência contra sites de lojas virtuais que “desapareceram”. “Temos, inclusive, um inquérito aberto e em andamento sobre uma empresa a pedido do Ministério Público”, diz Antonio Carlos Menezes Barbosa, delegado titular da 1ª Delegacia de Crimes contra o Consumidor.


“Estamos recebendo vários casos e temos inquérito em andamento. São muitas vítimas, a maioria de gente que compra em sites que vendem eletroeletrônicos, como laptops, impressoras, máquinas fotográficas, celulares e monitores”, conta. Ele acredita que o número de casos deve ser bem maior, porque muita gente acaba fazendo a queixa em um dos vários distritos policiais da cidade.


O professor aposentado Evandir Francisco Lopes da Costa, de 75 anos, comprou uma TV de plasma de 50 polegadas na Hitech Eletro (www.hitecheletro.com.br) no dia 6 de janeiro, mas até hoje não recebeu o produto em sua casa, na cidade paulista de Guaratinguetá. “Era uma TV boa para assistir à Copa do Mundo. Como o preço era muito bom, paguei à vista por meio de boleto no valor de R$ 2.456,70”, conta. Ao reclamar no suposto SAC da empresa, Costa recebeu apenas promessas e novas datas de entrega. “Apesar dos meus pedidos, sempre negaram fornecer o endereço da empresa. Quando o site saiu do ar, percebi que tinha algo errado”, diz. Daí em diante, ele não conseguiu encontrar mais ninguém por e-mail ou telefone. “Procurei o Procon e a Justiça, mas não consegui abrir processo por não ter o CNPJ e outros dados da empresa”, diz.


O mesmo ocorreu com o editor de vídeo Ivo Duran Filho, 21. Em novembro do ano passado, ele comprou um monitor na Expander Informática (www.expanderinformatica.com.br) e teve um prejuízo de R$ 600. “Paguei à vista e, quando nada chegou e o site sumiu percebi que não passava de um golpe.”


O caso da Expander é tema de uma comunidade no Orkut (Descaso - Expander Informática) que conta com 93 membros. Além disso, é o segundo mais reclamado, com sete Boletins de Ocorrência na 1ª Delegacia do Consumidor. O primeiro é o Compre Tudo Aki (www.compretudoaki.com.br) com 12 BOs


A Expander enganou até mesmo empresas, como a loja de decoração e presentes Calla Lilis, que fica em Curitiba, no Paraná. “Nunca recebemos a impressora multifuncional que compramos e os donos da empresa sumiram sem deixar rastro”, conta Silvia Barbosa, 38, auxiliar de administração da loja.


Normalmente, as “lojas fantasmas” ficam abertas por curto período de tempo, no qual o golpista consegue vender centenas de produtos que nunca serão entregues. Quando os consumidores percebem que foram enganados e começam a reclamar, os golpistas costumam alegar “um problema na transportadora” pelo atraso e prometem resolver rapidamente a questão.


Em outros casos, alegam que estão passando por dificuldades financeiras (foram vítimas de golpes), fecharão a empresa e que não podem honrar com o compromisso assumido, encaminhando ao cliente notas promissórias sem valor legal (não há avalista, nem dados como CPF, logradouro). Foi o que aconteceu com a estudante Júlia (nome fictício), de 23 anos. Vítima do site Compumérica (www.compumerica.com.br), além de nunca receber o netbook que comprou, ela se sente ameaçada pelo estelionatário. “Ele tem meu endereço e todos meus dados. Já registrei queixa na polícia, mas tenho muito medo de represália.”


As táticas usadas Utilizando um CNPJ qualquer (muitas vezes falso) e um número de conta corrente, criam um site de vendas de produtos pela internet para todo o Brasil


Muitos dão a impressão de serem uma empresa séria, com uma boa apresentação de homepage e diversas formas de contato (endereço, telefone e e-mail)


Fazem ofertas atraentes e têm preços muito abaixo do cobrado pelo mercado. Também têm
contas verdadeiras em bancos conhecidos e que não despertam suspeita


O site fica aberto por curto período de tempo, no qual o golpista consegue vender centenas de produtos que nunca serão entregues


Quando o consumidor reclama da demora na entrega, o golpista costuma alegar “um problema na transportadora” e promete resolver tudo rapidamente


Também alegam dificuldades financeiras (foram vítimas de golpes) e dizem não poder honrar os compromissos assumidos


Mais tarde, não só o site, mas todos os telefones, e-mails e outras formas de contato serão cancelados e desativados. Além disso, recusam qualquer correspondência enviada para o endereço (que pode ou não ser falso)


Com o golpe aplicado e o dinheiro ganho, criam um outro site nos mesmos moldes do anterior e começam tudo novamenteC

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