Após 28 anos de corporação, alguns deles entoando clássicos como "Fogo e Paixão" na delegacia, Wandick Pessoa prepara seu 1º CD
Compartilhar:
“
Um policial civil que faz as vezes de cantor brega nas horas de folga é sucesso entre presos da delegacia de Itinga, bairro da periferia de Salvador.Sai de mim / Já tenho outro alguém que estou gostando / e que está a fim / Quando te encontrei com o bombeiro na nossa cama / que eu jurei nunca mais te querer / e de tristeza quase morri”, diz uma de suas canções
“Canta uma música aí”, dizem os detentos, enquanto passa servindo café ou o almoço do dia. A depender da inspiração do policial, a resposta vem em clássicos como “Fogo e Paixão”, de Wando, ou “Garçom”, de Reginaldo Rossi.
Aos 57 anos, Pessoa diz conhecer a maioria dos presos de Itinga, bairro em que vive desde criança. “Eles gostam de mim. Falta água na delegacia e pego em casa para beberem”, afirma.
E após 28 anos de corporação, o policial civil de voz de barítono se prepara para assumir de vez o lado “Wandick Pessoa, o romântico”, seu nome artístico. Após uma licença-prêmio de seis meses neste semestre, entrará com pedido de aposentadoria.
Foto: Thiago Guimarães/iG
Wandick Pessoa - policial civil, cantor e romântico -, durante um dos seus ensaios: "Canta uma ai", pedem os presos
A artilharia do agente Wandick agora é vocal. Em um estúdio no bairro de Itapuã, a banda do policial ensaia para show do próximo dia 30. No repertório, clássicos do brega e da Jovem Guarda, além de composições do próprio Wandick, como “Sai de Mim (Melô do Bombeiro)”.
“Sai de mim / Já tenho outro alguém que estou gostando / e que está a fim / Quando te encontrei com o bombeiro na nossa cama / que eu jurei nunca mais te querer / e de tristeza quase morri”, é um trecho da música de Wandick e Durval Caldas, irmão de Luiz Caldas, pioneiro da axé music.
Foto: Thiago Guimarães/iG Ampliar
Capa do CD de Wandick Pessoa: capa teve uma "limpadinha do computador"
Nos shows, Wandick faz várias trocas de figurino, para combinar camisas com sapatos verdes, vermelhos e azuis. O cuidado com a aparência valeu até matrícula recente em academia. Mas reconhece, aos risos, que a foto na capa do CD “Inéditas Volume 1” teve uma “limpadinha do computador”.
Animado com a repercussão de sua cantoria, Wandick lamenta que o chefe não tenha autorizado a realização da reportagem na delegacia – o delegado Jacinto Correia disse ao iG que o policial está de licença e não teria como justificar sua presença na unidade. “Ele bem que podia ter pedido autorização ao secretário de Segurança, não é?”, questiona, ao se despedir do repórter e continuar afinando o cancioneiro brega.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI O SEU COMENTÁRIO