sábado, 23 de novembro de 2013

BIOGRAFIA DE AGATHA CHRISTIE

AGATHA CHRISTIE
Ela foi a responsável pelo assassinato de dezenas de pessoas. Os crimes teriam sido perfeitos se personagens como o genial detetive Hercule Poirot e a curiosíssima velhinha Jane Marple não tivessem surgido para investigá-los. Também conhecida como Rainha do Crime e Duquesa da Morte, Agatha Christie escreveu quase uma centena de livros que conquistaram milhões de leitores em mais de cem países. Em seu currículo inclui-se a autoria da peça teatral de mais longa temporada no mundo: A Ratoeira. Na década de 70, um nebuloso caso de homicídios em série foi desvendado graças a um detetive que lera uma de suas histórias. Quando escrevia, aquela dócil dona-de-casa transformava-se numa diabólica exterminadora. O crime, para ela, compensou.
"Agatha Christie é como uma perfeita anfitriã servindo cicuta num coquetel." Essa definição do crítico Stanley Sparks, publicada no início da década de 50 pelo jornal The Morning Advertiser, não parece referir-se a uma tímida e pacata senhora de berço de ouro, criada sob os rígidos princípios vitorianos.
Nascida no dia 15 de setembro de 1890 em Torquay, condado de Devonshire, Inglaterra, filha de pai norte-americano e mãe inglesa, Agatha Mary Clarissa Miller, em 56 anos de carreira, desfrutou um sucesso que ultrapassou os limites de seu país e conquistou o mundo. Prova da estrondosa fama é a dúvida sobre o total de exemplares vendidos. Cálculos recentes apontaram estratosféricas quantias de bilhões e até trilhões de exemplares. Apenas a Bíblia e as obras de Shakespeare foram mais traduzidas.
Uma de suas grandes paixões foi a música clássica. Aos teclados do piano foi apresentada quando era menina. Ainda jovem, sonhadora, com o intuito de tornar-se cantora lírica, dedicou-se, em Paris, a aulas de canto e dicção. Chegou a dar um concerto, mas logo desistiu da idéia por achar que não possuía bastante competência. Tímida demais, achava terríveis as aparições em público.
Por ser o filho mais novo, Agatha, ao contrário dos irmãos, não teve oportunidade de freqüentar escolas. O pai, Frederick Alvah Miller, havia falecido, o que abalou a estrutura familiar. Acharam melhor manter a caçula perto da mãe, que se tornou sua professora (decisão rotineira na época em relação às filhas). Mr. Miller, aliás, morreu cedo, mas não antes de corroer os ricos bens da família: gastava dinheiro descontroladamente. Mandar os filhos para a França foi o último bom investimento possível em educação.
Agatha absorvia com paixão a atmosfera de encanto e magia proporcionada pela mãe, durante as histórias que ela contava (Charles Dickens era um dos favoritos). Talvez por isso fosse sonhadora demais, e sua imaginação extremamente fértil às vezes provocava críticas da família. A irmã Madge — intelectual devoradora de livros — e o irmão Monty — galanteador cheio de idéias sedutoras que nunca eram postas em prática — pareciam ser muito mais inteligentes e espertos. Decidindo aproveitar a criatividade de Agatha, Mrs. Miller incentivou-a a escrever histórias. O gosto pelo gênero policial surgiu com a leitura de O Mistério do Quarto Amarelo, de Gaston Leroux, e, é claro, das obras de Edgar Allan Poe e das aventuras de Sherlock Holmes, descritas nos livros de Arthur Conan Doyle.
O começo
Tudo começou quando Agatha, sofrendo as conseqüências de um forte resfriado, estava de cama e a mãe a incentivou a criar um conto. Seria bom para entretê-la. Duvidando da própria capacidade, a garota tentou — e conseguiu. Mais tarde continuaria a escrever devido ao encorajamento de Eden Phillpotts, teatrólogo amigo da família. Um dia, já saboreando o sucesso, ela contou: "Durante muitos anos me diverti escrevendo histórias melancólicas em que a maioria das personagens morria".
O que o destino lhe reservava em relação ao primeiro casamento poderia ser um enredo para mais uma história melancólica.
Em 1914, quando a Primeira Guerra Mundial estava prestes a estourar, Agatha conheceu o coronel Archibald Christie, da Royal Flying Corps. Casaram-se e o coronel seguiu a serviço da Rainha até a França, enquanto a esposa — agora sim Agatha Christie — alistou-se como farmacêutica no hospital de Torquay, onde teria uma familiaridade com venenos que no futuro lhe seria muito valiosa. O primeiro (e único) filho nasceria cinco anos depois: Rosalind.
A guerra se prolongou mais do que ela esperava. Em meio ao crescente estresse, escrever histórias nas horas vagas foi o melhor passatempo. Nessa época a irmã Madge, com 32 anos, embalada pela onda dos romances policiais, provocou-a: "Aposto que você não é capaz de escrever uma boa história de detetive". Agatha, então com 26 anos, fixou-se no estilo policial e durante alguns meses desenvolveu uma história chamada O Misterioso Caso de Styles. O principal desafio foi a criação do detetive. Teve a feliz idéia de se inspirar num refugiado belga que se instalara em Torquay. Surgiu, então, Hercule Poirot, com suas espetaculares "células cinzentas", pequeno, de cabeça ovalada, bigode lustroso, ego inflado, irritantemente meticuloso, cheio de questões à primeira vista sem muita clareza, mas bastante significativas.
São inegáveis as influências que a escritora sofreu de Conan Doyle. Como nas histórias do detetive Holmes, Agatha apresenta pistas com um rigor matemático que deixam o suspense ainda mais carregado. Usa também, em alguns livros, o recurso do "amigo idiota", criando o capitão Hastings para cumprir um papel parecido com o do Dr. Watson, amigo de Holmes. "Hastings é pouco sagaz, enquanto Poirot é inteligente", considerou Jeffrey Feinman, biógrafo de Agatha. "Mesmo que o leitor não possa acompanhar as pequenas células cinzentas, ainda estará à frente das ondas cerebrais de Hastings."
A rejeição a cenas de violência gratuita é outra das principais características. Melhor era escrever um assassinato por meio de uma dose de veneno ou um golpe com algum objeto. O tipo preferido de mistério? "Um crime numa família tranqüila das redondezas, e não o gangsterismo ou os tipos explosivos", ela contou. "Dêem-me um frasco mortal e atraente para brincar e ficarei contente".
Em quase todos os livros os ambientes são tipicamente ingleses, povoados por pessoas simpáticas e espirituosas vivendo num tempo calmo e romântico. Cada detalhe do caso é mostrado com tamanha naturalidade que os fatos e as pessoas mais inocentes parecem suspeitos — e vice-versa.
Enfim, o sucesso
A primeira obra policial foi recusada por vários editores. No pós-guerra, Agatha Christie, com o marido de volta e já com a pequena Rosalind, até se esqueceu da história. As dificuldades econômicas eram perturbadoras. Nem uma própria residência a família possuía. Um dia, em 1920, surpresa: ela recebeu um comunicado do editor John Lane, interessado em publicar o texto. Agatha, que nunca pensara em viver como escritora, ficou extremamente feliz.
O Misterioso Caso de Styles, apesar da boa recepção da crítica, atingiu uma modestíssima marca de 2 000 exemplares vendidos, o que rendeu à autora 25 libras. Ainda assim, animada, Agatha começou a escrever num ritmo frenético. Como heróis, foram criados, além de Poirot, Miss Jane Marple, o superintendente Battle, a escritora de mistérios Ariadne Oliver, Mr. Parker Pyne, Mr. Satterthwaite e Mr. Quin e o casal Tuppence e Tommy Beresford. Poirot e Marple são, sem dúvida alguma, os de maior sucesso, tanto que receberam maior dedicação da autora. Miss Marple, a curiosíssima velhinha de St. Mary Mead, alta, magra, de olhos azuis e adepta do tricô, possui uma aprimorada perspicácia e capacidade de compreensão da natureza humana que lhe servem como principais "armas" nas investigações.
Anos depois, Agatha, ciente de que seus heróis continuariam vivos para sempre, sujeitos a protagonizarem aventuras escritas por qualquer pessoa — como acontece até hoje com Sherlock Holmes —, decidiu eliminá-los. Começou com Poirot. Em Cai o Pano (1975), ele morre velho, numa cadeira de rodas. Miss Marple seria a próxima mas teve sorte: Agatha não viveu o suficiente para escrever seu fim — a escritora morreu do coração poucos meses depois da publicação de Cai o Pano, em 12 de janeiro de 1976.
Inovando
A Inglaterra se reerguia após a guerra quando os Christies puderam finalmente comprar sua primeira casa, em Sunningdale, Berkshire, à qual deram o nome de Styles. O sucesso da escritora crescia a cada livro, mas pode-se afirmar que sua carreira se solidificou a partir do sexto, O Assassinato de Roger Ackroyd (1926), considerado um clássico da ficção policial.
Nesse livro, o artifício de fazer do próprio narrador o assassino surpreendeu como nunca os leitores, e pela primeira vez a crítica ergueu-se contra a autora. A escritora de mistérios Dorothy L. Sayers, por sua vez, atacou a favor: "Foi admirável, e enganou vocês todos!".
Agatha causou esse tipo de furor outras duas vezes, quando eliminou todas as personagens de uma história e quando transformou em assassinas quase todas as de outra.
A vida da escritora, no entanto, não seria apenas um mar de rosas. Sete meses depois do lançamento de Roger Ackroyd, dois fatos fizeram seu mundo ruir.
O maior mistério
No início da carreira de Agatha, o próprio Archibald Christie incentivou-a a escrever. Talvez fosse essa a saída contra a crise financeira. O problema foi que, mediante o crescente sucesso da escritora, ela aos poucos se sobrepôs ao coronel, tornando-se o centro das atenções. E, muitas vezes, quando chegava em casa, ele a encontrava absorvida em enigmáticos enredos, datilografando sem parar com três dedos de cada mão. Farto, o coronel começou a procurar "distrações" fora de casa, até que uma mulher — mais nova que Agatha — chamada Tessa Neele cruzou seu caminho. Conseqüência: Archibald revelou a amante e pediu o divórcio. Agatha, que nunca desconfiara do marido, ficou chocada. Para piorar a situação, sua querida mãe morreu. A Rainha do Crime caiu em desespero, e ocorreu então o que talvez seja seu maior mistério: ela simplesmente desapareceu.
Durante alguns dias ela foi destaque nos jornais, mas desta vez não pelo sucesso de um livro. A tensão aumentou quando seu carro foi encontrado com a porta aberta à beira de um lago, sem nenhum bilhete ou indício que explicasse o caso. Pensaram em rapto, assassinato e até suicídio. Com o auxílio de quinze mil voluntários, cães de caça, aviões e tratores para derrubar a mata, 550 policiais promoveram uma busca.
Houve boatos de que a escritora estava bem, escondida, e toda a história portanto não passaria de um golpe para divulgar ainda mais Roger Ackroyd. No décimo segundo dia, um maestro ligou para a polícia comunicando que no hotel onde trabalhava, em Harrogate, havia uma mulher que se parecia muito com a foto de Agatha Christie publicada num jornal. A referida mulher, na verdade, unira-se à sua orquestra para cantar e dançar. A polícia correu até lá e encontrou a escritora registrada sob o nome de Tessa Neele.
Explicaram que Agatha estava sofrendo de amnésia provocada por esgotamento nervoso. Vítima de um implacável cerco da imprensa, ela passou a ter uma aversão por jornalistas que duraria por toda a sua vida.
Golpe publicitário, afinal, ou atitude de desespero? A escritora não quis saber de comentários e até hoje não se sabe ao certo.
O divórcio saiu em 1928, e o ex-marido casou-se com Tessa. Agatha deixou a filha aos cuidados da irmã e tratou de ausentar-se novamente por algum tempo, mas, é claro, agora com paradeiro conhecido: o Oriente Médio.
Dando a volta por cima
Em Ur, Agatha Christie conheceu o arqueólogo Max Mallowan, professor de Arqueologia da Ásia Ocidental na Universidade de Londres. Apaixonado, ele a pediu em casamento, mas a escritora, assustada por ser quase quinze anos mais velha, disse não. Depois de muita insistência, ela cedeu e, em 1930, os dois se casaram e partiram em lua-de-mel para a Grécia. O tempo mostraria que ela fizera a escolha certa. Tímidos e solitários, com muitos pontos em comum, viveram felizes durante quase cinquenta anos. Agatha explicou espirituosamente o motivo do sucesso: "É maravilhoso estar casada com um arqueólogo. Quanto mais você fica velha, mais interesse ele tem em você".
Desde o enlace, Max passou a ter a companhia da esposa em todas as expedições que realizava. Fiel às tradições inglesas, Agatha não se esquecia de incluir na bagagem uma chaleira para o indispensável chá das cinco. No entanto, em tais ocasiões não se limitava a praticar tarefas de esposa e dona-de-casa. Ajudava com muito gosto a equipe, fotografando e limpando cuidadosamente os objetos encontrados, e nas horas livres, é claro, dedicava-se aos seus enredos policiais. Enquanto Max escrevia renomados livros sobre arqueologia, Agatha, envolvida pelo clima do Oriente Médio, desenvolvia histórias inspiradas nas expedições. Surgiram, por exemplo, Morte na Mesopotâmia (1936), Morte no Nilo (1937) e Encontro com a Morte (1938). Assassinato no Expresso do Oriente (1933), um de seus maiores sucessos, é fruto de uma viagem no Expresso do Oriente até Bagdá.
Apesar do divórcio, a escritora continuou assinando suas obras como Christie, visto que o nome já estava consolidado junto ao público. Juntos tiveram uma vida com muito estilo, aproveitando, sem esbanjar, as coisas que o dinheiro tornava possíveis. Agatha usava as próprias mansões (chegou a ter oito ao mesmo tempo) para pôr em prática suas habilidades em decoração. No auge da carreira, começou a transferir os direitos autorais de alguns livros para familiares como a filha e o neto Matheus, porque achava que dinheiro deve ser bem aproveitado e ela nem viveria o suficiente para desfrutar tudo.
Muitas pessoas acreditaram que, após o episódio do desaparecimento, Agatha não seria mais a escritora de antes. Grande engano. O sucesso continuou a crescer e somente em duas ocasiões ela teria o ritmo de trabalho diminuído: durante a Segunda Guerra (1939-1945), quando o novo marido também saiu do país a serviço de Sua Majestade e Agatha voltou às atividades da outra guerra num hospital, e aos 80 anos de idade, quando escorregou e fraturou o quadril, passando a ser dependente de uma bengala.
Um lugar no Guiness
Além de barulhos e cigarros, Agatha detestava as peças e os filmes baseados em suas obras, apesar de serem produções milionárias estreladas pelos maiores nomes da época. "Fizeram coisas como tirar Poirot e colocar Miss Marple no lugar!", declarou enfurecida. "E os clímaces são tão pobres! Podem-se prevê-los. Sinto um prazer incontrolável quando percebo que não estão fazendo muito sucesso." Para ela, as únicas exceções são os filmes Testemunha da Acusação e Assassinato no Expresso do Oriente.
Álibi, baseada em Roger Ackroyd, foi a primeira versão de uma história de Agatha para o teatro. Da mesma forma que o filme, deixou a autora de cabelo em pé. Chegaram a transformar o pequeno e feio Poirot num jovem amante. Depois de outras adaptações, Agatha resolveu fazer uma sozinha para o teatro, desta vez sendo O Caso dos Dez Negrinhos (1939) o ponto de partida. Escreveu mais tarde outras peças, inclusive algumas originalmente para os palcos.
A repercussão de O Caso dos Dez Negrinhos foi infinitamente ampliada nos Estados Unidos devido à reação provocada pela palavra negrinhos. Corria o início dos anos 40, época em que os ingleses, ao contrário dos norte-americanos, não enxergavam no termo uma conotação
preconceituosa. No fim, houve confusão em vários países e o romance, as diversas apresentações teatrais e as três versões cinematográficas em alguns casos ganharam outros títulos, como O Caso dos Dez Indiozinhos (no Brasil, uma das versões foi batizada como O Vingador Invisível).
Testemunha da Acusação também foi e ainda é uma peça de sucesso absoluto de crítica e público por causa do chocante final. Nos palcos e nos cinemas, ao final da trama pede-se segredo sobre o desfecho.
Em se tratando de teatro, porém, não há sucesso maior que A Ratoeira, fenômeno encenado ininterruptamente na Inglaterra desde a estréia em 25 de novembro de 1952, o que lhe valeu um lugar no Guinness, o livro dos recordes. A história, adaptada pela própria autora, foi uma encomenda escrita originalmente para o rádio como homenagem aos 80 anos da Rainha Mary. Como Testemunha da Acusação, pode ser lida na forma de conto no livro Os Três Ratos Cegos e Outras Histórias.
Coisas do destino
Na época em que a escritora comemorava seu 80º aniversário junto com o 80º livro, o jornal Washington Post a descreveu como "uma mulher jovial e animada, de cabelos brancos, a mente viva e espirituosa, mas com uma intensa timidez que torna mais fácil imaginá-la arrumando flores numa igreja do que como a rainha mundial das histórias de crime". Realmente, custa-se a crer, às vezes, que tantas histórias carregadas de suspense tenham se originado da prodigiosa mente daquela pacata senhora que costumava criar os enredos na banheira ou em passeios por jardins, geralmente devorando maçãs.
Seu sucesso não se limitou às vendas de livros e ingressos para teatro e cinema. Como admiradora de seu trabalho, a Família Real britânica concedeu-lhe algumas distinções. Recebeu, por exemplo, em 1971, da Rainha Elizabeth, a Ordem de Dame Commander do Império Britânico, passando a ser chamada de Dame Agatha. Outra das diversas honras foi quando o Museu de Cera Madame Tussaud incluiu sua figura na coleção.
Apesar de tantos méritos, Agatha Christie morreu com uma frustração: não ter sido reconhecida por suas poucas obras não-policiais. Na verdade ela escreveu, sob pseudônimo, narrativas de viagens (resultado das expedições com o marido), romances melodramáticos e até poemas. Assinando Mary Westmacott, publicou seis novelas românticas — somente a partir do quarto livro foi descoberto, pelo London Sunday Times, que a verdadeira autora era simplesmente a Rainha do Crime. As novelas, raramente vistas nas livrarias brasileiras, são: O Gigante (1930), O Retrato (1934), A Ausência (1944), O Conflito (1947), A Filha (1952) e A Carga (1956).
Pouco reconhecimento de um lado e, do outro, reconhecimento ao extremo. Os milhões de leitores sempre preferiram uma Agatha Christie cheia de enigmas claros, metódicos e desafiadores para contar.

Biografia retirada da página de  dedicada a Agatha Christie na biblioteca virtual
www.bibliotecavirtual.com.br



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