De modo
geral, os problemas ecológicos são mais intensos nas grandes cidade que
nas pequenas ou no meio rural. Além da
poluição atmosférica, as metrópoles apresentam outros problemas graves:
Acúmulo de lixo e de esgotos. Boa parte dos detritos pode ser recuperada para a produção de gás (biogás) ou adubos, mas isso
dificilmente acontece. Normalmente, esgotos e resíduos de indústrias são
despejados nos rios. Com freqüência esses rios “morrem” (isto é, ficam sem
peixe) e tornam-se imundos e malcheirosos. Em algumas cidades, amontoa-se o
lixo em terrenos baldios, o que provoca a multiplicação de ratos e insetos.
Congestionamentos
freqüentes, especialmente nas áreas em que os automóveis particulares são
muito mais importantes que os transportes coletivos muitos moradores da
periferia das grandes cidades dos países do Sul, em sua maioria de baixa renda,
gastam três ou quatro horas por dia só no caminho para o trabalho.
Poluição sonora, provocada pelo excesso de barulho (dos veículos
automotivos, fábricas, obras nas ruas, grande movimento de pessoas e propaganda
comercial ruidosa). Isso pode ocasionar neuroses na população, além de uma
progressiva diminuição da capacidade auditiva.
Carência de áreas verdes (parques, reservas florestais, áreas de lazer e
recreação, etc.). Em decorrência de falta de áreas verdes agrava-se a poluição
atmosférica, já que as plantas através da fotossíntese, contribuem para a
renovação do oxigênio no ar. Além disso tal carência limita as oportunidades de
lazer da população, o que faz com que muitas pessoas acabem passando seu tempo
livre na frente da televisão, ou assistindo a jogos praticados por esportistas
profissionais (ao invés de eles mesmos praticarem esportes).
Poluição visual, ocasionada pelo grande número de cartazes
publicitários, pelos edifícios que escondem a paisagem natural, etc.
Na realidade, é nos grandes centros
urbanos que o espaço construído pelo homem, a segunda natureza, alcança seu
grau máximo. Quase tudo aí é artificial; e, quando é algo natural, sempre acaba
apresentando variações, modificações provocadas pela ação humana. O próprio
clima das metrópoles - o chamado clima urbano - constitui um exemplo disso. Nas
grandes aglomerações urbanas normalmente faz mais calor e chove um pouco mais
que nas áreas rurais vizinhas; além disso, nessas áreas são também mais comuns
as enchentes após algumas chuvas. As elevações nos índices térmicos do ar são
fáceis de entender: o asfaltamento das ruas e avenidas, as imensas massas de
concreto, a carência de áreas verdes, a presença de grandes quantidades de gás
carbônico na atmosfera (que provoca o efeito estufa), o grande consumo de
energia devido à queima de gasolina, óleo diesel querosene, carvão, etc., nas
fábricas, residências e veículos são responsáveis pelo aumento de temperatura
do ar. Já o aumento dos índices de pluviosidade se deve principalmente à grande
quantidade de micropartículas (poeira, fuligem) no ar, que desempenham um papel
de núcleos higroscópicos que facilitam a condensação do vapor de água da
atmosfera. E as enchentes decorrem da dificuldade da água das chuvas de se
infiltrar no subsolo, pois há muito asfalto e obras, o que compacta o solo e
aumenta sua impermeabilização.
Todos esses fatores que provocam um
aumento das médias térmicas nas metrópoles somados aos edifícios que barram ou
dificultam a penetração dos ventos e à canalização das águas - fato que diminui
o resfriamento provocado pela evaporação - conduzem à formação de uma ilha de
calor nos grandes centros urbanos. De fato, uma grande cidade funciona quase como uma “ilha” térmica em relação às
suas vizinhanças, onde as temperaturas são normalmente menores. Essa “ilha de calor” atinge o seu pico, o seu grau
máximo, no centro da cidade.
A grande concentração de poluentes
na atmosfera provoca também uma diminuição da irradiação solar que chega até a
superfície. Esse fato, juntamente com a fraca intensidade dos ventos em certos
períodos, dá origem às inversões térmicas.
O fenômeno da inversão térmica -
comum, por exemplo, em São Paulo, sobretudo no inverno - consiste no seguinte:
o ar situado próximo à superfície, que em condições normais é mais quente que o
ar situado bem acima da superfície, torna-se mais frio que o das camadas
atmosféricas elevadas. Como o ar frio é mais pesado que o ar quente, ele impede
que o ar quente, localizado acima dele, desça. Assim, não se formam correntes
de ar ascendentes na atmosfera. Os resíduos poluidores vão então se
concentrando próximo da superfície, agravando os efeitos da poluição, tal como
irritação nos olhos, nariz e garganta dos moradores desse local. As inversões
térmicas são também provocadas pela penetração de uma frente fria, que sempre
vem por baixo da frente quente. A frente pode ficar algum tempo estagnada no
local, num equilíbrio momentâneo que pode durar horas ou até dias.
ÁGUA: UMA ESCASSEZ ANUNCIADA
O volume de água na Terra está
estimado em 1 trilhão e 386 bilhões de quilômetros cúbicos (Km3),
sendo a maior parte - 97,2% desse total - formada pela água salgada dos mares e
oceanos. Algo como 1,8% da água total está estocada sob a forma de neve ou
gelo, no topo das grandes cadeias de montanhas ou nas zonas polares. Outra
porção é a água subterrânea, que abrange cerca de 0,9% desse total, restando
então a água atmosférica (0,001%) e os rios e lagos de água doce, que ficam com
somente 0,0092% dessa água do nosso planeta.
A cada ano, a energia do Sol faz com
que um volume de aproximadamente 500.000 Km3 de água se evapore,
especialmente dos oceanos, embora também de águas e rios. Essa água retorna
para os continentes e ilhas, ou para os oceanos, sob a forma de precipitações:
chuva ou neve. Os continentes e ilhas têm um saldo positivo nesse processo.
Estima-se que eles “retirem” dos oceanos perto de 40.000 Km3 por
ano. É esse saldo que alimenta as nascentes dos rios, recarrega os depósitos
subterrâneos, e depois retorna aos oceanos pelo deságüe dos rios.
No entanto, o ritmo acelerado de
desmatamentos das últimas décadas, e o crescimento urbano e industrial, que
necessita sempre de mais água, vem alterando esse ciclo hidrológico. Estudos da
ONU mostraram que o desmatamento e o pastoreio excessivo diminuem a capacidade
do solo em atuar como uma grande esponja, absorvendo águas das chuvas e
liberando seus conteúdos lentamente. Na ausência de coberturas vegetais, e com
solos compactados, a tendência das chuvas é escorrer pela superfície e escoar rapidamente pelos cursos de água, o
que traz como conseqüência as inundações, aceleração no processo de erosão e
diminuição das estabilidade dos cursos de água, que ficam diminuídos fora do
período de cheias, comprometendo assim a agricultura e a pesca. Não faltam
sinal de escassez de água doce. O nível dos lençóis freáticos baixa
constantemente, muitos lagos encolhem e pântanos secam. Na agricultura, na
indústria e na vida doméstica, as necessidades de água não param de aumentar,
paralelamente ao crescimento demográfico
e ao aumento nos padrões de vida, que multiplicam o uso da água. Nos anos 50,
por exemplo, a demanda de água por pessoa era de 400 m3 por ano, em média no
planeta, ao passo que hoje essa demanda já é de 800 m3 por
indivíduo. Em países cada vez mais populosos, ou com carência em recursos
hídricos, já se atingiu o limite de utilização de água. Constatou-se que
atualmente 26 países, a maioria situada no continente africano, totalizando 235
milhões de pessoas, sofrem de escassez de água. As outras regiões do mundo
também não são poupadas. Sintomas de crises já se manifestam em países que
dispõem de boas reservas. Nos locais onde o nível de bombeamento (extração) das
águas subterrâneas é mais intenso que sua renovação natural, se constata um
rebaixamento do nível de lençóis freáticos, que, por esse motivo, exigem
maiores investimentos para serem explorados e ao mesmo tempo vão se tornando mais
salinos.
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